domingo, 14 de abril de 2013

África do Sul




Simon’s Town, uma das pacatas vilas balneares que fazem parte do percurso Cidade do Cabo – Cabo da Boa Esperança.

Chegou finalmente o momento de viajar até ao mítico Cabo. Esta vai ser uma caminhada fácil e confortável, por estrada, sem ventos nem marés nem monstros Adamastores. A paisagem é idílica, o sol brilha e a temperatura está amena. Esta é uma viagem que deveria envergonhar qualquer navegador que se preze, como me deveria envergonhar a mim, de tão fácil que é. A estrada corre em proximidade com o mar sem fim. Ao contrário, lá longe, a sul do Cabo da Boa Esperança, mais ou menos por volta do paralelo 60, encontra-se uma linha de correntes marítimas e de ventos ciclónicos desaconselháveis para a presença humana. Ali se cruzam as águas geladas da Antártida com as águas frias que vêm do norte no único sitio onde é possível circundar o planeta por mar sem nunca encontrar terra. Ali conseguimos saber por experiência própria que a terra é mesmo redonda ... se chegarmos ao fim.  
Amir Klink, o navegador brasileiro que por ali passou em 1998, numa viagem de circunavegação em que esteve 141 dias sem pisar terra, escreveu assim no seu magnifico livro “ Mar sem Fim”:

Hoje entendo bem o meu pai. Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.

Nenhum comentário: