sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Istambul 2011



Haghia Sophia

A forma como olhamos para a história, como a valorizamos a um ponto quase obsessivo ou patológico diz muito do que foi o percurso das civilizações ao longo dos anos. Construir foi sempre uma forma de deixar marca para a posterioridade, uma espécie de pegada de dinossauro fossilizada que no futuro pudesse ser objecto de estudo e veneração, e entendida como exemplo máximo das virtudes humanas. Continuamos a não saber de onde vimos mas saber que passámos por “ali” dá-nos uma espécie de conforto e sentido para continuarmos a fazer hoje, o mesmo que fizemos no passado (mas sempre em maior escala se possível). Deve ser por isso que não há político que se preze, seja ele ministro, rei, imperador ou Alberto João Jardim que não tenha a tentação de deixar o seu chichi a marcar o território para que a posterioridade possa saber, agradecer e valorizar. Pensar em pequeno e construir em grande é a nossa marca genética, está no nosso adn ou dito de forma mais directa, está-nos no sangue. Parece não haver nada mais capaz de nos deslumbrar que os feitos dos chamados “conquistadores do inútil”. E a história está cheia destes feitos e nós estamos sempre na linha da frente para ficarmos com ar de Boi a olhar para o palácio.
Depois de subir calmamente a Alemdar cadessi, e continuarmos por uma pequena rua calcetada junto às muralhas do Topkapi Palace com casas tradicionais de madeiras, chegamos finalmente à Bab-I Humayun cadessi e à imponente, Haghia Sophia, edifício construído no século VI com uma impressionante abóbada de cerca de 30 metros de diâmetro e 55 metros de altura.

Chegou finalmente o momento de deixarmos as considerações de lado e observarmos … simplesmente.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Istambul 2011

Subindo a rua do tram ( Alemdar cadessi )a caminho da Haghia Sophia.
O Corno Dourado, ou Corno do Ouro é talvez o melhor lugar para iniciarmos a nossa caminhada por Istambul. É onde repousam as mais antigas memórias da cidade, memórias clássicas com raízes em Roma, na Grécia antiga e na gloriosa e renascentista Turquia imperial dos califas, mas também onde se descobrem becos, terraços e miradouros que nos aproximam daquele que é para mim o verdadeiro do coração da cidade: o Bósforo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Istambul 2011

Ebussuut Cadessi ( nome da rua ), caminhando em direcção à Haghia Sophia.
Gosto de pensar que cada viagem tem sempre duas componentes, uma imaginária e outra real. A imaginária parte sempre com algum (no meu caso muito) tempo de avanço sobre a real e vai construindo imagens e sensações, sobre os lugares para onde nos dirigimos, a partir de informações já existentes na nossa cabeça. Quando realmente partimos já estamos condicionados na nossa avaliação pelas chamadas “ideias feitas”. O encontro destas duas “realidades” (a imaginaria e a real) nem sempre é pacífica, tenho que admitir. Foi ou pouco isso que eu senti durante a viagem, no passado mês de Junho, à cidade de Istambul, uma luta permanente entre o que esperava encontrar e aquilo que encontrei. É a esta cidade, que fica bem no cruzamento do tempo e da história, que dediquei inteiramente este novo caderno.