sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Agosto de 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

A ilha é o lugar de todas as mitologias e o centro de onde irradiam as mais fantásticas lendas. Ao visitar a ilha, naquela manhã de verão, o nosso herói estava longe de imaginar as consequências que aquela simples e inocente visita iria ter na sua futura vida. Aquele mergulho na ficção fechou-lhe as portas do regresso à realidade, arrastando consigo, por contágio, aquele que lhe estava mais próximo, o seu criador. Hoje, tanto um e outro, lutam desesperadamente ( ou talvez não ) para se desembaraçarem do mundo das inverdades ( como agora se diz por ai ). Num desses breves momentos de desembaraço, o autor aproveitou para lançar a ficção ao mundo do ciberespaço, usando para isso uma plataforma real ( dizem ), ou virtual ( dizem também outros ). E é assim,, desta forma épica que terminam, por agora, as aventuras de Aníbal Arsénio e restante família.

Finalmente apenas uma pequena nota. Esta inverdade foi cozinhada a partir de 13 desenhos feitos ao sabor do tempo, neste longínquo mês de Agosto e sem que na altura se vislumbrasse a mais pequena ideia de história. Os textos surgiram depois, numa tentativa de criar uma pequena história com princípio, meio e fim ( pelos visto sem sucesso ), invertendo aquela que é predominantemente a forma mais habitual de construir ficções. Digamos que foi uma espécie de vingança do desenho sobre o texto, por tantos e longos anos de submissão artística. Por fim ( agora é que vou mesmo terminar ), a história, bem longe de ser biográfica, está contudo, também longe de o não ser, tornando-se, portanto, muito difícil, por agora, saber em que ponto ficamos.

Brevemente irei, então, voltar ao formato normal deste blog com o mais recente caderno: ISRAEL


sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Agosto de 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa


Foram razões etílicas, e não etnográfico – musicais que estiveram na base da difícil decisão de Aníbal em se fazer ao mar naquela bela manhã de verão, a bordo da ninja insuflável made in China, na companhia da família, em direcção à lendária ilha do Medronheiro. A famosa canção imortalizada por Malhôa conta que havia um medronheiro na ilha plantado por um vizir de Odemira. Aníbal pôde constatar pessoalmente que não se trata, de facto, de um medronheiro nem coisa que se pareça, embora naquele espaço de tempo em que permaneceu na ilha não lhe fosse também possível avançar com outras hipóteses mais fidedignas. Mas voltemos ao medronheiro de onde se faz o belo do "medronho". Não sendo afinal um medronheiro e por consequência não havendo sequer uma sombra de "medronho" poderíamos concluir que a viagem do nosso herói tinha sido em vão. Enganam-se os que assim pensam. A viagem foi um sucesso. Aníbal pôde finalmente explorar ao milímetro todas as grandes virtudes da navegação de cabotagem a bordo do mais moderno e sofisticado ( se considerarmos a relação qualidade/ preço ) equipamento de navegação que é hoje possível encontrar numa loja perto de casa. A descrição das virtudes da navegação daria pano para mangas, mas é coisa que ficará para uma outra altura.

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Agosto de 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

André é um peixe, mas um peixe delinquente com propensão para a rebeldia e para abraçar causas ideológico/ politicas normalmente designadas por perdidas. Há anos que trava um combate feroz pela preservação do ecossistema lagunar, visando principalmente todos aqueles que de uma forma ou de outra são tentados a fazer descargas tóxicas e carcinogénicas com propensão para se tornarem potencialmente xenobióticas para os organismos ( se não é isto é qualquer coisa parecida com isto ). Aníbal não se encaixa neste perfil mas isso agora também não vem ao caso.

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Agosto de 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa


A Lagoa Santa esconde segredos de outros tempos e mistérios da actualidade. Aníbal Arsénio curioso como é não só não resistiu a uma visita ao local, como ainda mergulhou as carnes na água eutrofizada com excesso de nutrientes, maioritariamente, compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogénio. A abundante e visível biomassa não pareceu intimidar substancialmente o nosso herói, preocupado que estava com a perspectiva da descoberta de pistas que o poderiam levar desvendar casos esquecidos da mitologia lagunar. Esse relaxamento acabou por lhe ser fatal, surpreendendo-o precisamente numa altura em que caminhava com a água pelos tornozelos pensando nos 15 minutos de fama que tais descobertas lhe poderiam facultar. André, o peixe da Lagoa Santa, voltou de novo a atacar provocando no nosso Aníbal gritos lancinantes de dor, que diz quem viu, se tornaram audíveis a muitos e muitos quilómetros de distância.

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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Agosto de 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa


Vasco da Fama ficou na história por ter sido o primeiro europeu a chegar às Índias orientais por rota marítima. Aníbal percebe a importância do feito e pensa que sem essa grande viagem nunca teria sido possível comprar agora insufláveis made in China, a preços de ocasião e que têm um papel muito importante na iniciação à arte de navegar de muitas crianças por esse país fora. Assim é legitimo que Aníbal faça repetidas vezes a pergunta: se o grande almirante tivesse na altura todas estas oportunidades que há hoje, principalmente no acesso a insufláveis como este, até onde poderia ter ele ido? Uma pergunta difícil de responder que no entanto vale a pena ser feita.

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa


Na mesma cidade onde tocou Idalina na passada noite, também se passam coisas estranhas. Não é que o maior navegador da história nasceu precisamente aqui, há aproximadamente quinhentos anos. Aníbal não faz a mínima ideia dos contornos que rodeiam esta história, mas isso agora também não vem ao caso. Visitar a casa museu do grande almirante Vasco da Fama é sem dúvida uma boa oportunidade para ele sonhar também com mares nunca dantes navegados e quem sabe, ganhar inspiração para novos desafios marítimos, ainda mais ambiciosos … a bordo do seu inseparável insuflável “made in China”.

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

Há muita gente que diz que Idalina veio ocupar o espaço deixado vago pela diva Maria dos Prazeres Anjos Malhôa. Nada mais errado. Idalina toca música do mundo. Malhôa era uma diva da pop. No entanto um mistério permanece no ar. Malhôa desapareceu sem que o mundo ficasse a saber o que pensava ela de Idalina. Já Idalina, sabe-se que tem opinião acerca da diva da pop, mas até agora ninguém a conseguiu ouvir. E assim vai o mundo.

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

Aníbal Arsénio não perde uma oportunidade para se deixar levar pelo pezinho de dança. Não há registo que alguma vez tenha perdido uma edição do maior festival de cantigas do mundo. É lá que o vamos encontrar mais uma vez a dar largas à sua arte de trocar os pés pelas mãos, precisamente no dia da actuação da grande, super, hiper Idalina, a musa da concertina.


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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

Para quem anda distraído neste mundo vale a pena recordar que Maria dos Prazeres Anjos Malhôa, foi uma mulher muito popular em anos que já lá vão. Estrela da Pop daquém e dalém mar, arrastou multidões durante um bom par de anos e fez as delicias da juventude masculina do tempo. Diziam que nas horas de lazer se dedicava a descobrir praias desertas e a tomar banhos da forma como tinha vindo ao mundo, nas águas cristalinas da costa sul de Portugal. Mas … um dia … desapareceu. Há quem diga que se cansou do mediatismo e se refugiou numa casa modesta, escondida nos confins do mundo, que vendeu todos os discos de ouro que tinha e se dedicou à agricultura ( a moderna agricultura biológica ) e a criar galinhas ( as chamadas galinhas do campo ). Há também quem diga que foi o mar que a levou, que se enamorou dela e não mais a libertou. Dizem que na noite de 12 para 13 de Agosto, se estiver lua cheia e a maré vazia ela aparece das profundezas do mar e caminha durante 3 minutos e meio sobre a água. Diz quem já viu que é coisa digna de se ver e que só por causa disso devia ser feita uma alteração ao PDN costeiro para se construir um santuário dedicado à Diva. Dizem que seria bom para o turismo e para a economia local, trazia empregos e aproveitava-se uma praia abandonada e deserta que da maneira como está também não serve para nada. Dizem.

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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

Da bagagem do veraneante campista balnear não pode deixar de figurar o inseparável insuflável - made in China. É com ele que o nosso amigo Aníbal Arsénio se diverte, flutuando ao sabor das ondas, a descobrir as enseadas desertas debaixo dos quarenta graus de temperatura das duas horas da tarde. Este ano, conseguiu finalmente localizar, a mítica praia da Malhôa, que deve o seu nome à famosa lenda: a lenda da Malhôa.

( cont. )

domingo, 24 de outubro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa

Chegado ao camping da Xafurdeira o nosso Arsénio Anibal é rei e senhor. O Verão está aí para ser desfrutado. E é já com as fortes musculaturas à mostra que se entrega ao mais apreciado e estimado exercício de qualquer campista que se preze: tratar da bela sardinhada e da salada de pimentos assados.

( cont. )


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Agosto 2010 e as férias de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa


INÍCIO

É em momentos como este, em que o general Inverno parece ter chegado sem aviso prévio que mais apetece regressar ao nosso tão querido mês de Agosto para darmos conta das maravilhosas férias balneares de Aníbal Arsénio Teixeira de Sousa e restante família.
Vamos lá então recordar aquela que foi a caminhada, no pára/ arranca do trânsito, até às simpáticas e famosas praias vicentinas da costa alentejana, precisamente, no dia primeiro de Agosto, como qualquer bom português que se preze.
( continua )

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Agosto 2010


Trancoso - praça do pelourinho

Em 1492 mais de cem mil judeus atravessaram a fronteira portuguesa para fugirem à ordem de perseguição da inquisição espanhola. Mantiveram-se por cá alguns anos, até a coroa/ igreja portuguesa decidir fazer exactamente o mesmo. Os que não conseguiram, então, voltar a fugir tiveram que se converter ao catolicismo, à força, passando a ser designados por cristãos novos.

O sapateiro António Gonçalves Annes Bandarra terá sido, muito provavelmente, o mais conhecido dessa nova comunidade nascida em Trancoso. As suas profecias, em verso, de cariz messiânico, levaram-no a ser acusado pela inquisição portuguesa de judeu. Viria, no entanto, a ser ilibado, mas obrigado a nunca mais escrever textos de interpretação teológica.

Treze anos antes do nascimento do famoso poeta era ditada uma outra sentença a um outro santo ilustre filho da terra, que eu não resisto a transcrever:

SENTENÇA PROFERIDA EM 1487 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE

TRANCOSO

(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5º, maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e
dois anos, será degredado
de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos
dos cavalos, esquartejado o seu corpo
e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes
distritos, pelo crime de que foi arguido e que ele
mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com
vinte e nove afilhadas e tendo elas noventa
e sete filhas e trinta e sete filhos;
- de cinco irmãs teve dezoito filhas;
- de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;
- de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;
- de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;
- dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve
três filhas, da própria mãe teve dois filhos.

Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze
do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido
em cinquenta e três mulheres".

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em
liberdade aos dezassete dias do mês de Março
de 1487, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região
da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e
guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença,
devassa e mais papéis que formaram o
processo".

Tanto um como o outro figuram hoje na galeria dos notáveis da terra, por razões diametralmente opostas … claro está.

As voltas que o mundo dá.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Agosto 2010


Trancoso, um desenho " à minha maneira ".
Em Agosto, em Portugal, não há terra que não tenha a sua festa popular. Neste nosso tão querido mês de Agosto os emigrantes estão de volta para produzirem o tão esperado milagre da ressurreição a terras que durante os restantes onze meses do ano parecem vegetar num sono profundo.
Para esta noite as festas de São Bartolomeu, em Trancoso, puxaram os cordões à bolsa e têm como cabeça de cartaz aquela que dizem ser a maior banda de rock and roll nacional.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Agosto 2010


Marialva
Depois de sair de Foz Côa aponto na direcção de Marialva, a única aldeia histórica que ainda não conhecia, e é debaixo dos quarenta graus do meio-dia que lanço o derradeiro ataque ao castelo devidamente armado do caderno e dos pincéis.
O castelo cai nas minhas mãos às catorze horas em ponto, sem oferecer grande resistência.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Agosto 2010

Foz Côa - Igreja Matriz

Quinze anos depois foi finalmente inaugurado o museu de Foz Côa e eu que na altura achei que tudo aquilo não passava de um grande disparate tive agora que engolir um valente sapo ( que diga-se de passagem, de vez em quando até que não é mau para as dietas ). Na altura pensei que se estava a dar uma importância desproporcionada às ditas gravuras ( é o que faz ter opinião sem conhecimento de causa ), agora percebo que tudo aquilo faz sentido. A paisagem do rio Côa é absolutamente impressionante ( então à noite e com lua cheia ... ), o museu tem uma localização perfeita e quanto às gravuras são outro museu ( ao ar livre ), único no mundo. Mesmo para aqueles que não se deixam impressionar com meia dúzias de riscos numas pedras ( como eu pensava que era ), vão ter que concordar que aquele museu pode ser um factor privilegiadíssimo para o sempre tão falado desenvolvimento regional do interior. A região do Douro tem neste momento três patrimónios mundiais: a cidade do Porto, o Douro vinhateiro e Foz Côa ( para não falar de Salamanca, que também não está longe ), tem o parque natural do Douro internacional e de Montezinho assim como uma série de aldeias históricas por perto. Motivos é o que não falta para mostrar às pessoas da terra que com imaginação, trabalho e risco podem começar a acreditar que é possível criar riqueza na região, sem os turismos de massas típicos do Algarve em Agosto, nem as industrias poluentes que muitos desejam para combater o desemprego. Foz Côa é um diamante que só precisa de quem o saiba lapidar.
No dia em que visitei o museu disse à senhora da caixa que ia escrever no livro de recomendações que não concordava com o horário ( fecha duas horas para almoço e encerra, salvo erro às 17,30h) porque a maioria das pessoas vem de longe e arrisca-se a bater com o nariz na porta. A senhora entrou em pânico e disse-me para não fazer isso porque depois o estado ainda obriga os empregados a trabalharem até às 20 h. Eu disse que assim não faz sentido, um museu existe para servir quem o visita e não os empregados. Para uma região que não tem empregos estas pessoas deviam agradecer esta oportunidade e pensar que sem turistas pode no futuro também não haver museu. Se o museu fosse privado e fossem elas as empresárias pensariam de uma forma radicalmente oposta. Será que é assim tão difícil perceber isto ?

Ah ... e já agora uma informação: para quem quiser visitar as gravuras há duas formas: através do museu ( que tem que se marcar com dias ou semanas de antecedência ) ou através de cinco entidades privadas ( ligadas a turismos rurais ) onde na maioria das vezes se consegue marcação para o dia seguinte ou às vezes até para o próprio dia ... ( a iniciativa privada a dar o exemplo ).

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Agosto 2010


Solar dos Noronhas

A forma como as casas acabam diz muito sobre a vida e a natureza dos seus proprietários.
Na estrada nacional 226, já depois de abandonar Soutosa mas ainda com a cabeça mergulhada no imaginário aquiliniano, tenho mais uma real e crua constatação dos sinais do tempo. O solar dos Noronhas, do século XVII, jaz, velho e abandonado, à venda, como que implorando por um perdão do destino que lhe devolva um pouco da nobreza de outrora.

Agosto 2010


Soutosa - casa/ museu Aquilino Ribeiro
Seguramente um dos momentos da viagem.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Agosto 2010


Na igreja do convento,em Moimenta da Beira, que aparece neste desenho ao fundo, está uma placa que faz referência a um tal de Manuel Pires que terá sido enforcado por estes lugares ... e que ficou para a história por ter sido o último homem condenado e enforcado em Portugal em 1845. Poderia ter falado de outras coisas para me referir a Moimenta, mas esta não me saiu da cabeça...
E lá fui eu em direcção a Soutosa.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia beirã

À saída de Lamego havia duas hipóteses: ou seguia para norte em direcção a terras do Douro ou continuava pelas Beiras. Optei pela segunda, pela única e exclusiva razão de que tinha um encontro marcado na aldeia de Soutosa, mais propriamente com uma casa de Soutosa, a casa-museu Aquilino Ribeiro. Pelo caminho fui-me cruzando com uma série de simpáticas aldeias, entre as quais esta, da qual não me recordo o nome.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Agosto 2010

Lamego - Catedral

A primeira coisa que sentimos quando chegamos a Lamego é o peso da história. Aqui se realizaram as primeiras Cortes do país e se traçaram provavelmente as linhas mestras para aquilo que mais tarde veio a ser Portugal.
No dia em que subi ao castelo a minha curiosidade levou-me até uma casa com uma placa que registava o seguinte:
" Segundo a tradição, o suevo lamecense Idacio, foi bispo de Lamego em 435, e aqui era a Sé. A história diz que Sardinario, foi bispo de Lamego em 570 ". ( espero ter feito uma correcta transcrição )
... enfim, um momento que não quis deixar de partilhar com o ciberespaço.

Agosto 2010

Lamego

Uma das coisas que gosto quando viajo pelo país é ir descobrindo as pequenas/ grandes diferenças entre as várias regiões. Lamego é uma cidade da Beira Alta mas, para mim, muito pouco beirã. Aqui já sopram os ventos do Douro, já cheira a sucalcos, a Trincadeira,Touriga Nacional e a Condado Portucalense.
Com este desenho comecei a minha caminhada para o castelo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia da Benfeita

Subindo e descendo, cantos e recantos da serra vamos dar à mata da Margaraça, um pequeno paraíso de castanheiros e carvalhos que sobreviveu ( vá lá saber-se como ) aos incêndios dos últimos largos anos. Ali naqueles escassos 50 hectares conseguimos finalmente ter uma ideia de como eram as encostas da serra do Açor em tempos que já lá vão. A sombra produzida pelas copas das árvores e a abundante água fresca que corre nas fontes, directamente da serra, fazem-nos esquecer por momentos os 40 graus que se fazem sentir fora deste pequeno retiro e pensar, também, na forma errada como sucessivamente se foi reflorestando o centro do país. Mais à frente temos uma paragem obrigatória para um banho nas cascatas da Fraga da Pena e depois, só depois de lavarmos completamente os recantos negros da nossa alma, continuamos, sem pressas, ao pôr-do-sol, em direcção à bonita aldeia da Benfeita.
A viagem continua ...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia de Nogueira do Cravo, Beira Alta.

Dormir com quase trinta graus, de janela e porta aberta, acordar bem cedo ao som dos sinos da igreja, ir buscar água fresca à fonte, descobrir óptimas praias fluvias para mergulhar o corpo e ter todo o tempo do mundo para um desenhinho ao fim do dia ...

Agosto 2010


Nos últimos anos, para mim, o mês de Agosto tem sido sinónimo de viagens pelo país. Se quisermos destacar mais as coisas positivas do que as negativas ( que existem e vão continuar sempre a existir, aqui como em qualquer país do mundo ) rapidamente chegamos à conclusão que, por relativamente pouco dinheiro e alguma imaginação, podemos fazer grandes férias por cá. Este ano comecei com uma semana pelas praias de Porto Covo seguindo de mais duas semanas pelas Beiras interiores. Este caderno começa com um desenho do misterioso castelo da ilha do Pessegueiro que eu visitei na companhia do grande mestre do alto mar Joaquim Matias.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

VIAGENS IMAGINADAS 2010


Estes dois desenhos foram feitos em casa mas com a cabeça a viajar, sabe-se lá por onde.
Podem ser vistos na exposição "Cadernos de Viagem", na Biblioteca Municipal de Odivelas, até dia 12 de Agosto.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

sábado, 10 de julho de 2010

EXPOSIÇÃO

Entre os dias 9 de Julho e 12 de Agosto vou dar liberdade condicional a alguns cadernos e desenhos de viagens que fiz durante as duas últimas décadas. Libertei-os da gaveta, onde se encontravam, e podem ser vistos na Biblioteca Municipal de Odivelas.

BOLÍVIA 1993


Em Setembro de 1993 estava eu em San Borja, na Bolívia profunda, calmamente a desfutar de um final de tarde tropical quando fui surpreendido por um levantamento popular, uma euforia incontrolável que só terminaria na manhã do dia seguinte. A Selecção de Erwin Sanchez ( o Platini dos Andes, como era conhecido no seu país ) acabava de se apurar para o mundial de 94 nos E.U.A.. Este desenho, que pode ser visto na exposição de Odivelas, feito uns meses depois, já em Portugal, representa esse dia mágico e histórico da Bolívia.

Formato A3 - técnicas mistas s/ papel

quarta-feira, 30 de junho de 2010

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Há qualquer coisa de mágico nesta região do norte de Marrocos que faz com que eu goste particularmente dela. De onde vem essa magia é coisa que poderá não ser fácil de explicar. Acredito que se deve a uma mistura de coisas, de conceitos e culturas que nos habituamos, ao longo do tempo, a ver e a viver em separado. Se por exemplo a geografia, o clima e a paisagem nos lembram o sul de Portugal, já a forma de viver nos remete para o Próximo Oriente. A cultura, com tudo o que a ela está ligado ( comida, arquitectura, vocabulário e até a própria música ), então, é uma mistura perfeita dos dois mundos. Deve ser nesse cozinhado, nessa confusão, nessa amálgama que reside a tal magia, o facto de determinadas coisas nos parecerem familiares e distantes ao mesmo tempo. Depois, e como se não bastasse tudo isso, existe a história. A história de quem sempre ali viveu, de quem foi obrigado a "regressar", fugindo da Península e a de quem chegou sob o impulso da conquista, para alargar as fronteiras. Os portugueses iniciaram a sua expansão dos descobrimentos em 1415, com a conquista de Ceuta, os muçulmanos encerraram a sua presença na Península com a fuga de Granada em 1492.De uns e de outros ficou a obra ( as casas, as cidades, os castelos ) e histórias. Histórias que desapareceram e outras que perduraram na memória e nos livros. Também elas, as histórias se misturaram e se adulteraram com o tempo, baralhando a verdade da história. Hoje, passados tantos anos, nem sempre é fácil saber o principio, o meio e o fim de todas elas, mas como diria um tal de Bruce Chatwin, uma história não tem de ser verdadeira só precisa de ser bem contada. Bem contada e bem escutada, acrescento eu. Acho que deve ser isso que me faz gostar tanto de viajar.

Este desenho mostra a vista do terraço do Mc Donald's, em Tanger ( a baía com a Europa ao longe ). O simbolo do imperialismo americano, em terras do Profeta, com vistas largas para o el Dorado.
À minha volta, bandos de jovens marroquinos, de ganga e óculos escuros, lambuzam-se com as iguarias do Ocidente enquanto ouvem músicas anglo-saxónicas em telemóveis de última geração.
Será tudo isto apenas coincidência?

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tanger, às portas da medina.

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tanger, café junto ao porto

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tanger, a marginal com ares de Copacabana.

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tetouan, mercado de rua.

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tetouan

MARROCOS 2010, CADERNO 2

Tetouan, palácio real.

MARROCOS 2010, CADERNO 2


Tetouan, ao lado do palácio real.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

MARROCOS 2010


Tanger
Dez anos passaram desde a minha última ( e única ) viagem a Marrocos. Nessa altura o novo rei, Mohamed VI acabava de subir ao trono e com ele todo um balão de esperança para tirar o país da estagnação económica em que se encontrava. O seu pai, Hassan II, poucas ou nenhumas saudades tinha deixado no povo. O Marrocos daquela altura era um país em agonia económica vivendo de uma agricultura e pescas, rudimentar, das receitas dos emigrantes, do turismo ( que era quase perseguido pelos comerciantes em estado de desespero na expectativa de fazerem algum, pouco, negócio ) e pelos negócios ilícitos, com a droga à cabeça, e tráfico de pessoas para a Europa, a grande maioria destes negócios explorados por europeus.
Pelas ruas de Tanger e nos terraços da cidade era comum verem-se negros com olhares de desespero a lutar pela sobrevivência, diariamente, enquanto esperavam a hora de darem o salto para o sonho desejado. A Europa era a terra prometida, o fim que tinha justificado todos os meios, todos os esforços e todos os riscos. Ali estava ela, finalmente, a um pequeno passo, apenas dividida pelas águas do estreito. Poucos quilómetros de água mas uma gigante barreira para o salto final.
O Marrocos de hoje é um Marrocos diferente, disso não restam muitas dúvidas. O novo rei abriu o país ao Ocidente, que é como quem diz ao dinheiro do capitalismo, com tudo o que isso tem de bom e de mau, e empreendeu uma verdadeira operação charme para criar uma nova imagem aos olhos do mundo.
Tanger, a grande porta de entrada, foi assim uma das cidades escolhidas para construir a imagem do novo país. A praia da baía, outrora poluída e perigosa ( por causa do crime ) aparece agora com um visual ao melhor estilo Copacabana magrebina. Da antiga linha de comboio fez-se um calçadão enorme com palmeiras, cafés e discotecas, a construção imobiliária disparou por todo o lado e toda a antiga imagem de emigrantes ilegais que enchiam a cidade foi, verdadeiramente, varrida ( dizem ) para a fronteira da Mauritânia.
Nesta pequena viagem só estive no norte ( Tanger, Arsila e Tetouan ), mas o que vi foi um país diferente. A vertigem da Europa, do consumo e do dinheiro tomou conta do país. As pessoas estão mais contentes ( dizem ) e confiantes no futuro. Como é que um país com uma matriz tão tradicional e ortodoxa vai conseguir conciliar-se com este lado perverso do ocidente é a grande pergunta.

O meu fascínio por Tanger começou na literatura, muito por culpa do Paul Bowles que, como é sabido, fez desta cidade o seu local de residência a partir de 1947, ( espero não estar enganado na data ). Naquela altura Tanger era uma cidade franca onde os produtos e negócios ( lícitos ou ilícitos ) circulavam a seu belo prazer.
Essa circunstância e o facto de ali desembarcar um sem número de personagens famosos acabou por fazer da cidade uma espécie de local de culto, onde os ocidentais ( principalmente americanos que fugiam do vazio da América futurista e modernista dos anos cinquenta ) podiam encontrar o conforto ocidental paredes meias com o mais puro exotismo do imaginário dos viajantes oitocentistas e ainda uma total liberdade e libertinagem para comportamentos e tendências mal vistas nas suas terras.
Dizem que foi Gertude Stein quem recomendou a cidade a Paul Bowles. Depois dele outros se seguiram: William Burroughs, Kerouac, Alain Ginsberg, Matisse, para não falar de todos os gurus do rock dos anos 70, com os Rolling Stones à cabeça.
Já na minha primeira visita eu havia procurado o rasto desses anos dourados e desta vez também não foi diferente. A escolha do alojamento voltou a recair no mítico hotel Muniria, onde Kerouac terá ficado hospedado aquando da sua passagem pela cidade ( no quarto número 4 ). Por baixo, do hotel, no bar Tanger inn, existem algumas fotos que alimentam um pouco a ideia de que a história terá mesmo acontecido.
No Zocco Chico lá está o café onde Burroughs terá escrito o Nacked Lunch e onde ele e os amigos terão passado muitas horas das suas vidas. O café embora seja de 1813 já pouco tem que o distinga dos restantes novos cafés.
O Grande teatro Cervantes, com a sua fachada arte nova, tantas vezes referido no “ Deixai a Chuva Cair “ continua ainda de pedra e cal a caminho da mais completa ruína.
O Grand Hotel Ville de France, onde Delacroix e Matisse se hospedaram teve melhor sorte e prepara-se para se tornar numa espécie de condomínio privado Ville de France, ou qualquer coisa parecida.
O Hafa Café continua a ser o local de referência para as últimas horas do dia, para quem quiser sonhar com a Tanger de outros tempos e embriagar-se com o azul infinito do Atlântico.
As campas fenícias, com mais de dois mil anos, escavadas na rocha, logo ao lado do Hafa Café continuam atulhadas de latas de coca cola e sacos de lixo, convivendo paredes meias com o Atlântico sem fim.
Depois há toda uma cidade que fervilha do primeiro ao último minuto do dia. Principalmente os finais do dia continuam a ser momentos particularmente mágicos. Pelas ruas da medina alguns, poucos, falsos guias vendem-nos histórias de casas onde Tennessee Williams, Yve Saint Laurent, Bowles, Matisse e outros que tais terão vivido. Histórias repetidas à exaustão para estrangeiro ouvir, que parecem já não dizer absolutamente nada ao mais comum dos cidadãos da cidade.
Outra coisa boa de Tanger continua a ser a sua localização, seguramente um bom ponto de partida para toda as cidades à volta a começar pela Arsila ( que a nós portugueses tanto nos diz ), passando por Tetouan ( com a sua Medina património mundial da UNESCO ), Chefchauen às portas do Rif e por fim a eterna Ceuta, onde a aventura portuguesa dos descobrimentos terá começado no longínquo ano de 1415.
Os anos passam, as cidades vão mudando, mas o encanto é sempre o mesmo.

MARROCOS 2010

Tanger - Grand Teatro Cervantes

MARROCOS 2010

Tanger - boulevard Pasteur

MARROCOS 2010

Arsila

MARROCOS 2010

Arsila

MARROCOS 2010

Arsila - interior da medina

MARROCOS 2010

Arsila

MARROCOS 2010

Tetouan - praça Moulaey el Medhi

MARROCOS 2010

Tetouan

MARROCOS 2010

Tetouan - rua pedonal

MARROCOS 2010

Tetouan - interior da medina

MARROCOS 2010

Tetouan

quinta-feira, 10 de junho de 2010

FIGUEIRA DA FOZ 2010

Ao lado do moderno casino da Figueira da Foz está o antigo casino Oceano ... ainda a tentar perceber o que é que lhe aconteceu. A ele e à cidade.