quarta-feira, 21 de março de 2012

Istambul 2011

Palácio de Dolmabahçe


A história dos povos, assim como a história das pessoas é sempre feita de encontros e desencontros e as ideias feitas são quase sempre o maior inimigo da convivência e da aprendizagem. Deve ser essa a razão que nos leva a utilizarmos os raros momentos em que nos cruzamos com os outros, para reforçar uma ideia que já tínhamos e nunca para reaprendermos a ver. Nós tiramos sempre da história aquilo que nos convém, que é como quem diz, só vemos aquilo que nos interessa. A histórica relação entre o Ocidente e o Oriente é bem o exemplo. De um lado e do outro ficaram marcas desses encontros, mas nunca houve a tentação de perceber o outro lado. Perceber e concordar com o "outro lado" é sentido como um atestado de inferioridade passado a "este lado". Fatema Mernissi, uma das pensadoras mais destacadas do mundo islâmico dá-nos a medida exacta destes crónicos desencontros da história no seu brilhante livro “ O Harém e o Ocidente “. Estaremos nós assim tão seguros da nossa “liberdade” que não conseguimos ver mais nada para além das nossas “fronteiras”? Será o nosso sistema assim tão exemplar que não nos deixa espaço para aprendermos com os outros e vice-versa? Usando o livro “ Mil e Uma Noites “ Fatema  faz uma viagem ao encontro do “desencontro”. Com este trabalho Fatema Mernissi denuncia uma sucessão de equívocos e mal entendidos, tanto Ocidental como Oriental, que limita a nossa imaginação e a comunicação entre culturas tão diferentes. O que é que tudo isto tem a ver com o desenho do Palácio de Dolmabahçe, construído em 1842 no melhor estilo europeu da época, em pleno Califado do império turco/ otomano, é a pergunta que fica? 
Nada melhor, então, do que uma visita ao palácio para tentar encontrar uma resposta.

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