Safi - medina
Na altura em que caminho pelo
subúrbio fantasma da cidade de Safi em direcção à medina ainda não sei que o
autor do terrível atentado de Marrakesh que aconteceu no dia 28 de Abril de
2011, portanto quinze dias antes de ter iniciado esta viagem, é desta cidade,
ele e mais os dois outros amigos cúmplices do atentado.
Adil Al-Atmani tinha um sonho que era juntar-se
a grupos terroristas na Chechênia e Iraque, mas foi detido por duas vezes em
Portugal, em 2004 e 2007, e recambiado para o seu país de origem. Na impossibilidade
de conseguir cumprir esse objectivo, optou pela prata da casa e decidiu apontar
baterias ao café Argana em Marrakesh, por ser um local frequentado
maioritariamente por turistas. Dessa decisão resultaram os 16 mortos e 21 feridos que todos ainda
lembramos.
Entretanto Adil Al-Atmani foi julgado e
condenado a pena de morte, juntando-se assim a mais 103 condenados que aguardam
pelo cumprimento da mesma pena em prisões marroquinas.
Mas no momento em que começo a
percorrer as ruelas da medina ainda nada disto se sabe e por isso a minha
atenção está apenas concentrada no que os meus olhos vêem: ruínas da antiga
catedral portuguesa, uma teia de ruas e casas em adiantado estado de
decadência, crianças com baldes de água à cabeça, pessoas que espreitam de
dentro das casas, cães e gatos abandonados a esgravatar restos de comida nos sacos de lixo espalhados pelos cantos, jovens com camisolas do Barcelona e
Real Madrid, jovens com outro tipo de camisolas, grupos de jovens
aparentemente sem nada para fazer, pequenas e sujas lojas de comércio local com velhos
sem dentes atrás de um balcão …
E a viagem continua.
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