segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Agosto 2010


Trancoso, um desenho " à minha maneira ".
Em Agosto, em Portugal, não há terra que não tenha a sua festa popular. Neste nosso tão querido mês de Agosto os emigrantes estão de volta para produzirem o tão esperado milagre da ressurreição a terras que durante os restantes onze meses do ano parecem vegetar num sono profundo.
Para esta noite as festas de São Bartolomeu, em Trancoso, puxaram os cordões à bolsa e têm como cabeça de cartaz aquela que dizem ser a maior banda de rock and roll nacional.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Agosto 2010


Marialva
Depois de sair de Foz Côa aponto na direcção de Marialva, a única aldeia histórica que ainda não conhecia, e é debaixo dos quarenta graus do meio-dia que lanço o derradeiro ataque ao castelo devidamente armado do caderno e dos pincéis.
O castelo cai nas minhas mãos às catorze horas em ponto, sem oferecer grande resistência.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Agosto 2010

Foz Côa - Igreja Matriz

Quinze anos depois foi finalmente inaugurado o museu de Foz Côa e eu que na altura achei que tudo aquilo não passava de um grande disparate tive agora que engolir um valente sapo ( que diga-se de passagem, de vez em quando até que não é mau para as dietas ). Na altura pensei que se estava a dar uma importância desproporcionada às ditas gravuras ( é o que faz ter opinião sem conhecimento de causa ), agora percebo que tudo aquilo faz sentido. A paisagem do rio Côa é absolutamente impressionante ( então à noite e com lua cheia ... ), o museu tem uma localização perfeita e quanto às gravuras são outro museu ( ao ar livre ), único no mundo. Mesmo para aqueles que não se deixam impressionar com meia dúzias de riscos numas pedras ( como eu pensava que era ), vão ter que concordar que aquele museu pode ser um factor privilegiadíssimo para o sempre tão falado desenvolvimento regional do interior. A região do Douro tem neste momento três patrimónios mundiais: a cidade do Porto, o Douro vinhateiro e Foz Côa ( para não falar de Salamanca, que também não está longe ), tem o parque natural do Douro internacional e de Montezinho assim como uma série de aldeias históricas por perto. Motivos é o que não falta para mostrar às pessoas da terra que com imaginação, trabalho e risco podem começar a acreditar que é possível criar riqueza na região, sem os turismos de massas típicos do Algarve em Agosto, nem as industrias poluentes que muitos desejam para combater o desemprego. Foz Côa é um diamante que só precisa de quem o saiba lapidar.
No dia em que visitei o museu disse à senhora da caixa que ia escrever no livro de recomendações que não concordava com o horário ( fecha duas horas para almoço e encerra, salvo erro às 17,30h) porque a maioria das pessoas vem de longe e arrisca-se a bater com o nariz na porta. A senhora entrou em pânico e disse-me para não fazer isso porque depois o estado ainda obriga os empregados a trabalharem até às 20 h. Eu disse que assim não faz sentido, um museu existe para servir quem o visita e não os empregados. Para uma região que não tem empregos estas pessoas deviam agradecer esta oportunidade e pensar que sem turistas pode no futuro também não haver museu. Se o museu fosse privado e fossem elas as empresárias pensariam de uma forma radicalmente oposta. Será que é assim tão difícil perceber isto ?

Ah ... e já agora uma informação: para quem quiser visitar as gravuras há duas formas: através do museu ( que tem que se marcar com dias ou semanas de antecedência ) ou através de cinco entidades privadas ( ligadas a turismos rurais ) onde na maioria das vezes se consegue marcação para o dia seguinte ou às vezes até para o próprio dia ... ( a iniciativa privada a dar o exemplo ).

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Agosto 2010


Solar dos Noronhas

A forma como as casas acabam diz muito sobre a vida e a natureza dos seus proprietários.
Na estrada nacional 226, já depois de abandonar Soutosa mas ainda com a cabeça mergulhada no imaginário aquiliniano, tenho mais uma real e crua constatação dos sinais do tempo. O solar dos Noronhas, do século XVII, jaz, velho e abandonado, à venda, como que implorando por um perdão do destino que lhe devolva um pouco da nobreza de outrora.

Agosto 2010


Soutosa - casa/ museu Aquilino Ribeiro
Seguramente um dos momentos da viagem.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Agosto 2010


Na igreja do convento,em Moimenta da Beira, que aparece neste desenho ao fundo, está uma placa que faz referência a um tal de Manuel Pires que terá sido enforcado por estes lugares ... e que ficou para a história por ter sido o último homem condenado e enforcado em Portugal em 1845. Poderia ter falado de outras coisas para me referir a Moimenta, mas esta não me saiu da cabeça...
E lá fui eu em direcção a Soutosa.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia beirã

À saída de Lamego havia duas hipóteses: ou seguia para norte em direcção a terras do Douro ou continuava pelas Beiras. Optei pela segunda, pela única e exclusiva razão de que tinha um encontro marcado na aldeia de Soutosa, mais propriamente com uma casa de Soutosa, a casa-museu Aquilino Ribeiro. Pelo caminho fui-me cruzando com uma série de simpáticas aldeias, entre as quais esta, da qual não me recordo o nome.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Agosto 2010

Lamego - Catedral

A primeira coisa que sentimos quando chegamos a Lamego é o peso da história. Aqui se realizaram as primeiras Cortes do país e se traçaram provavelmente as linhas mestras para aquilo que mais tarde veio a ser Portugal.
No dia em que subi ao castelo a minha curiosidade levou-me até uma casa com uma placa que registava o seguinte:
" Segundo a tradição, o suevo lamecense Idacio, foi bispo de Lamego em 435, e aqui era a Sé. A história diz que Sardinario, foi bispo de Lamego em 570 ". ( espero ter feito uma correcta transcrição )
... enfim, um momento que não quis deixar de partilhar com o ciberespaço.

Agosto 2010

Lamego

Uma das coisas que gosto quando viajo pelo país é ir descobrindo as pequenas/ grandes diferenças entre as várias regiões. Lamego é uma cidade da Beira Alta mas, para mim, muito pouco beirã. Aqui já sopram os ventos do Douro, já cheira a sucalcos, a Trincadeira,Touriga Nacional e a Condado Portucalense.
Com este desenho comecei a minha caminhada para o castelo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia da Benfeita

Subindo e descendo, cantos e recantos da serra vamos dar à mata da Margaraça, um pequeno paraíso de castanheiros e carvalhos que sobreviveu ( vá lá saber-se como ) aos incêndios dos últimos largos anos. Ali naqueles escassos 50 hectares conseguimos finalmente ter uma ideia de como eram as encostas da serra do Açor em tempos que já lá vão. A sombra produzida pelas copas das árvores e a abundante água fresca que corre nas fontes, directamente da serra, fazem-nos esquecer por momentos os 40 graus que se fazem sentir fora deste pequeno retiro e pensar, também, na forma errada como sucessivamente se foi reflorestando o centro do país. Mais à frente temos uma paragem obrigatória para um banho nas cascatas da Fraga da Pena e depois, só depois de lavarmos completamente os recantos negros da nossa alma, continuamos, sem pressas, ao pôr-do-sol, em direcção à bonita aldeia da Benfeita.
A viagem continua ...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Agosto 2010

Aldeia de Nogueira do Cravo, Beira Alta.

Dormir com quase trinta graus, de janela e porta aberta, acordar bem cedo ao som dos sinos da igreja, ir buscar água fresca à fonte, descobrir óptimas praias fluvias para mergulhar o corpo e ter todo o tempo do mundo para um desenhinho ao fim do dia ...

Agosto 2010


Nos últimos anos, para mim, o mês de Agosto tem sido sinónimo de viagens pelo país. Se quisermos destacar mais as coisas positivas do que as negativas ( que existem e vão continuar sempre a existir, aqui como em qualquer país do mundo ) rapidamente chegamos à conclusão que, por relativamente pouco dinheiro e alguma imaginação, podemos fazer grandes férias por cá. Este ano comecei com uma semana pelas praias de Porto Covo seguindo de mais duas semanas pelas Beiras interiores. Este caderno começa com um desenho do misterioso castelo da ilha do Pessegueiro que eu visitei na companhia do grande mestre do alto mar Joaquim Matias.