Foz Côa - Igreja Matriz
Quinze anos depois foi finalmente inaugurado o museu de Foz Côa e eu que na altura achei que tudo aquilo não passava de um grande disparate tive agora que engolir um valente sapo ( que diga-se de passagem, de vez em quando até que não é mau para as dietas ). Na altura pensei que se estava a dar uma importância desproporcionada às ditas gravuras ( é o que faz ter opinião sem conhecimento de causa ), agora percebo que tudo aquilo faz sentido. A paisagem do rio Côa é absolutamente impressionante ( então à noite e com lua cheia ... ), o museu tem uma localização perfeita e quanto às gravuras são outro museu ( ao ar livre ), único no mundo. Mesmo para aqueles que não se deixam impressionar com meia dúzias de riscos numas pedras ( como eu pensava que era ), vão ter que concordar que aquele museu pode ser um factor privilegiadíssimo para o sempre tão falado desenvolvimento regional do interior. A região do Douro tem neste momento três patrimónios mundiais: a cidade do Porto, o Douro vinhateiro e Foz Côa ( para não falar de Salamanca, que também não está longe ), tem o parque natural do Douro internacional e de Montezinho assim como uma série de aldeias históricas por perto. Motivos é o que não falta para mostrar às pessoas da terra que com imaginação, trabalho e risco podem começar a acreditar que é possível criar riqueza na região, sem os turismos de massas típicos do Algarve em Agosto, nem as industrias poluentes que muitos desejam para combater o desemprego. Foz Côa é um diamante que só precisa de quem o saiba lapidar.
No dia em que visitei o museu disse à senhora da caixa que ia escrever no livro de recomendações que não concordava com o horário ( fecha duas horas para almoço e encerra, salvo erro às 17,30h) porque a maioria das pessoas vem de longe e arrisca-se a bater com o nariz na porta. A senhora entrou em pânico e disse-me para não fazer isso porque depois o estado ainda obriga os empregados a trabalharem até às 20 h. Eu disse que assim não faz sentido, um museu existe para servir quem o visita e não os empregados. Para uma região que não tem empregos estas pessoas deviam agradecer esta oportunidade e pensar que sem turistas pode no futuro também não haver museu. Se o museu fosse privado e fossem elas as empresárias pensariam de uma forma radicalmente oposta. Será que é assim tão difícil perceber isto ?
Ah ... e já agora uma informação: para quem quiser visitar as gravuras há duas formas: através do museu ( que tem que se marcar com dias ou semanas de antecedência ) ou através de cinco entidades privadas ( ligadas a turismos rurais ) onde na maioria das vezes se consegue marcação para o dia seguinte ou às vezes até para o próprio dia ... ( a iniciativa privada a dar o exemplo ).