quarta-feira, 27 de junho de 2012

Marrocos 2011


Ainda às voltas com o peixe nas docas,  uma espécie de inspiração para o jantar que se aproxima.

Marrocos 2011


O porto de pesca de Essaouira

terça-feira, 19 de junho de 2012

Marrocos 2011


Essaouira


Uma banca de peixe é a melhor natureza morta que se pode desejar (se é que se pode dizer isto desta maneira) e se essa banca for num pequeno porto de pesca, de uma pequena cidade de Marrocos, como é o caso de Essaouira, então temos a imagem perfeita. Há uma lógica e uma decência nesta forma de pesca quase artesanal destas pequenas cidades, que deveriam fazer parte da educação das sociedades. Saber de onde vêm os alimentos ajuda-nos a perceber o quão frágil é esta relação do homem com o meio envolvente. Um pequeno porto de pesca é um pequeno tesouro que nos mostra o melhor que a natureza pode ter para nos oferecer, mas ao mesmo tempo dá-nos a medida exacta do respeito que devemos ter por aquilo que comemos. As coisas valem pelo trabalho que dão e por aquilo que são.
Esta medida exacta do real valor das coisas, que deveria ser óbvia para qualquer pessoa, perde-se completamente nas grandes suprefícies, onde, por via da massificação tudo se banaliza.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Marrocos 2011



Essaouira - venda de peixe, depois da chegada dos barcos, no final do dia.

Essaouira é um dos principais portos de pesca de Marrocos mas é também, e vá lá saber-se porquê, uma cidade com especial vocação para formar artistas. Frédéric Damgaard ( dinamarquês de origem ) que visitou a cidade pela primeira vez nos anos sessenta reparou precisamente nesse facto e terá ficado de tal modo surpreendido com a veia artística dos seus habitantes que vinte anos mais tarde decidiu meter mãos à obra e abrir uma galeria. Ao longo destes últimos anos a galeria Damgaard (http://galeriedamgard.com/ ) criou uma imagem de qualidade extravazando mesmo a sua fama para os quarto cantos do mundo. Muitos foram os artistas que por lá passaram, maioritariamente artistas sem formação académica. Azeddine Sanana é um desses exemplos. Pescador desde sempre, descobriu, por via da galeria, um grande fascínio pelas artes que não sabia existir. Um dia, ao verem o seu genuíno interesse pelos quadros da galeria decidiram dar-lhe pincéis e tintas para que ele desse largas à sua veia artística. Sanana conseguiu ligar, por linhas que só ele sabe, o mundo da pesca com o mundo das artes, e o resultado foram quadros absolutamente desconcertantes. Sanana continua a viver entre esses dois mundos, e sempre que o mar não o convida a desafiá-lo, a pintura abre-lhe todas as portas para outras e diferentes viagens, por mares também e sempre dificilmente navegáveis.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Marrocos 2010



Essaouira



Começamos em Ceuta, bem de frente para a Europa e vamos por ali abaixo: Alcácer Ceguer, Tanger, Arsila, Azemour, Al JAdida ( antiga Mazagão ), Safi, Essaouira ( antiga Mogador ) e Agadir. Entre 1415 e 1769, anos que marcam a conquista de Ceuta e o abandono de Mazagão, viveu-se, guerreou-se, traficou-se e amou-se em português. Foram anos de vitórias e derrotas, de grandezas e misérias, e no fim sempre a mesma conclusão: na vida e na história tudo passa, tudo tem um tempo, tudo tem um preço.

Essaouira parece hoje, finalmente, ter chegado à idade da sabedoria, que é como quem diz, parece ter sabido envelhecer, sem ódios nem rancores nem frustrações. Hoje parece respirar-se paz, harmonia e tranquilidade …  ou será apenas mais um intervalo para o descanso dos guerreiros?

domingo, 3 de junho de 2012

Marrocos 2011



Apanho o autocarro bem cedo em Marrakech e passado duas horas e meia estou em Essaouira. Troca-se o deserto e as montanhas pelo mar, o calor seco pela húmidade salgada e as suaves brisas do fim do dia pela nortada da costa. A antiga Mogador abre-nos as portas para uma viagem pela história, através das suas muralhas, das suas ruelas e das suas fortificações, mas isso ficará para mais tarde. Agora é tempo de ouvir o barulho das ondas do mar a baterem nas pedras da muralha, do assobiar constante do vento e da "vozearia" das gaivotas. Como se costuma dizer em Marrocos, Essaouira define-se numa palavra: relax.