quarta-feira, 11 de abril de 2012

Marrocos 2011


Hotel La Mamounia, em Marrakech.


Este desenho do famoso hotel La Mamounia, em Marrakech, dá início a este novo caderno. Em 2011 voltei a Marrocos, um regresso que começa já a ser um hábito mas sobretudo um tónico para a alma. Tão perto de Portugal e tão diferente. Bastam duas horas e meia de viagem para que de repente quase tudo mude. Chegar a Marrakech por volta das 15 horas é perfeito e dá-nos o tempo suficiente para sentirmos os primeiros bafos de calor vindos do deserto, para nos dirigirmos ao centro da cidade e nos instalarmos confortavelmente num dos muitos riads que existem à nossa disposição dentro da medina. Há ainda tempo suficiente para nos dirigirmos depois à praça Jama el Fna e tranquilamente, enquanto a hora do jantar não chega, disfrutar de um tradicional chá de menta. Aos poucos a praça começa a fervilhar de gente e de atividade. O cheiro da comida mistura-se com o som dos músicos, o barulho das motas, o pregão dos vendedores de água, e as vozes dos encantadores de serpentes e dos contadores de histórias. De repente tudo na praça é vida, como se numa fracção de segundo acordasse da letargia e indolência provocada pelo calor abrasador do dia. Paul Bowles dizia que a cidade de Marrakech é sobretudo a sua praça. “Tirem a praça à cidade e não sobra nada”.  Eu acrescentaria: é a praça e mais o La Mamounia. O hotel trouxe à cidade a possibilidade de se misturarem no mesmo sitio dois mundos diametralmente opostos.  Uma mistura que passou, no fundo, a ser a imagem de marca da cidade. Desde 1923, data da sua construção, que o hotel não mais parou de receber pessoas dos quatro cantos do mundos, sendo talvez Winston Churchill aquele que mais lhe está associado. Recentemente encerrou para obras, reabrindo em 2009, três anos depois, com um novo conceito de luxo mas com o mesmo glamour de sempre. Visitar hoje o hotel não é fácil mas é possível, mediante prévia marcação e vale mesmo a pena porque é uma viagem no tempo e na história.
Mas entretanto a noite cai, e podemos então começar a pensar no jantar: umas azeitonas, polpa de tomate, azeite e orégãos com pão, como entrada, a seguir uma salada mediterrânica e uma tagine de borrego, depois é deixar o tempo passar, só isso. É tão simples não é?



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